E aquele guardanapo, depois de uma
acrobacia pelo ar, caiu justamente em cima da mesa que eu ocupava naquele bar
onde nos encontramos pela primeira vez.[?] E eu estava lá, à sua espera ou à
espera de um bilhete seu, ao menos se você não aparecesse.
Você não foi! E o guardanapo, que
achei ser uma missiva sua, continuava, em branco, apoiado na borda de meu prato
vazio, à espera de nosso pedido em cumplicidade.
Eu aguardava você... Esperei você,
loucamente, assim como se fosse uma última vez de tantos encontros que
poderíamos ter tido, de tantos momentos deliciosos e saudáveis como havia sido
aquele primeiro... Esperei você, mordendo os lábios de tanta aflição por não
ter a certeza se viria se acaso quisesse, de verdade, me ver novamente. E ter o
benefício da dúvida é algo que me incomoda; às vezes é até estimulante. Mas
desta vez não foi!
Eu aguardava você, sim! Aguardava,
porque queria ver você de novo, para saciar o meu desejo de mais uma vez...
Mais uma vez, que fosse!
Da primeira vez, "deu vontade
de não ir embora". Deu vontade de ficar por muitas e muitas horas ao seu
lado. Conversando...Conversando. E aquela nossa conversa foi tão boa, assim
como ficar horas e horas em frente ao mar, ao sabor de ficar olhando as ondas e
seu vaivém.
É dessa maneira que ficamos atentos
a tudo que nos acontece. E ter acontecido você, em minha vida, foi mais ou
menos assim: uma onda atrás da outra, não como o cotidiano, mas como a surpresa
que cada onda nos reserva.
Você me surpreendeu, desde a
primeira onda!
Admirei-me com a pessoa que você é.
Foi um assombro, e ao mesmo tempo uma surpresa doce quando conheci você.
Raramente, encontramos pessoas em nosso caminho que nos fazem tão bem. Por isso
eu esperava você...
"Queria ter de volta a magia de
um reencontro, para poder iluminar a minha alma com a luz da sua."
E apesar de todas as minhas
expectativas, você não foi. E nem mesmo mandou-me um bilhete, para justificar a
sua não presença.
Foi então que fui até ao bar. Tomei
uma dose de uma bebida forte para me encorajar, e voltei àquela mesa e comecei
a escrever, naquele guardanapo em branco, este bilhete para você!
E assinei, não sei se em vão, mas
com grande convicção: "Gosto de você, e ainda espero um bilhete seu!"