quinta-feira, 26 de abril de 2012

DAQUELES DIAS





Hoje é um daqueles dias, no qual você quer saltar de paraquedas, mesmo tendo fobia de altura... Só de pensar em avião, a mão transpira o suor.
Hoje é dia de querer cantarolar uma canção, e se a voz não estiver mesmo afinada pouco importa... Só a satisfação de poder cantar é o que conta.
Hoje é dia de dar esmolas aos “Santos”, protetores e vigilantes, que escutam nossas preces... Se a oferta é escassa, é sinal de que as finanças, que hoje são poucas, serão fartas amanhã!
Hoje é dia de agradecer a “Mensagem de Jeremias.”
Hoje é dia de contemplar a Lua cheia, que nos deixa loucos, pois sob ela a vida é uma completa aventura, como escreveu o naturalista Sigurd Olson, num artigo que li, tempos atrás, na revista Seleções.
Hoje é dia de colocar as pernas para cima, sabendo que o que foi feito foi bem feito, e agora é só colher os frutos.
Hoje é dia da alegria, e a tristeza não pode chegar... “Diga lá, espelho meu! Diga, espelho meu, se há na avenida alguém mais feliz que eu?”
Hoje é dia de tomar uma cervejinha estupidamente gelada e saborear um pitéu que seja, porque isso só dá prazer.
Hoje é dia de aguardar notícias... Sabendo que elas estão a caminho e serão bem-vindas.
Hoje é dia de ler um bom livro, porque alguém o indicou... até mesmo lhe emprestou.
Hoje é dia de conversar com a terapeuta sobre os diversos assuntos que rolaram durante a semana... e achar que o papo foi “cabeça”.
Hoje é dia de saborear comida japonesa, tendo o prazer de uma boa companhia e do gostoso sabor oriental.
Hoje é dia de se lembrar de todos os dias felizes, que estão rolando!
Hoje é dia de tocar a bola, para fazer mil gols.
Hoje é dia de pichar no muro: “Sou feliz”.
Hoje é dia de conversar e cantar para as crianças!
Hoje é dia de abraçar, num abraço bom que a gente sente falta logo pela manhã.
Hoje é dia de dizer “Bom-dia”, “Boa-tarde” e “Boa-noite”.
Hoje é, definitivamente, o dia para dizer: Amo-te amo...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

UM ABRAÇO ENROSCADO NUM LAÇO



Você já teve a oportunidade de receber um abraço, meio quê enroscado num laço?
Um abraço cingido com os braços de quem você gosta?
Um abraço rodeado de carinho e sinceridade? Daqueles, que a gente não tem vontade de ele jamais terminar...
Um abraço envolto de uma energia tão grande? Daqueles, que a gente pede mais um pouco...
Um abraço inesperado, com cores do arco-íris? Daqueles, que abranda o nosso corpo e faz com que ele se aqueça...
Um abraço que dura apenas alguns segundos, mas em nosso coração ele durou uma eternidade?
Um abraço que, depois de enroscado num laço, a pessoa que abraçou você apenas diz: "Obrigada."
Como é bom um abraço desses...
Um abraço que recebi, ontem, foi todos esses abraços!
Todos nós perdemos muita oportunidade de dar um abraço assim em alguém. E quando o recebemos, muitas vezes, não somos capazes de percebê-lo dessa maneira.
Mas eu o percebi. E ganhei este abraço, meio quê de surpresa... Assim é bem melhor.
Um abraço gostoso, que nos aperta, nos cerca, nos abrange, totalmente. É um abraço pra lá de bom!!!
Fiquei pensando: quantos abraços desses eu recebi nestes últimos tempos?
Um abraço de alguém que chega de viagem... Um abraço de alguém que eu encontro... Um, de alguém que não vejo faz tempo... Um abraço de alguém que me abraçou por puro instinto...
Não! Esses abraços não são como o abraço que recebi ontem... Eles não têm a magia, não têm o encantamento, a força, a bondade e o pó de pirlimpimpim do abraço que me foi dado ontem.
Só eu sei o quanto me valeu aquele abraço. E se a pessoa que me abraçou, desse jeito tão dela, me agradeceu, pelas razões que ela carrega em seu coração, então eu posso dizer, com grande convicção, que sou eu quem deve agradecê-la por aquele grande e espetacular abraço, que me fez ficar feliz, simplesmente!
Vou guardar o abraço, enroscado num laço de nossa amizade, o abraço bacana desta pessoa "bacana”!
Abraços e abraços... Como é bom abraçar alguém. Como é bom ser abraçada, assim, desse jeito!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

DA CRIANÇA QUE EXISTE EM NÓS




Eu tenho um quadro (30x45) pendurado na parede de meu quarto, à cabeceira de minha cama. É uma ampliação de uma foto minha. Nela, eu estava com sete anos de idade.

Em dois lançamentos de livros meus, para o público infantil, carreguei o quadro comigo, e o coloquei, num cavalete, junto à minha mesa de autógrafos. Sempre quis me mostrar, quando criança, às crianças. Elas me reconhecem na fotografia como se eu fosse uma igual: a escritora que já foi criança, assim como elas. A escritora que se mostra criança, quando era criança. A escritora que hoje escreve para a criança!
Com surpresa, percebi a euforia nos olhos de cada criança ao avistar o quadro. Algumas afirmavam, perguntando:

-          Esta é você, não é?

De fato, o meu semblante na foto me denuncia. Na época, o meu corte de cabelo estava o mesmo de hoje. Partido do mesmo lado e com o mesmo comprimento. Meu rosto, na foto, seria igual ao rosto de minha filha, se acaso eu fosse mãe.

E, agora, depois de ter ficado um bom quarto de hora a olhar este meu quadro, depois de tantas lembranças de minha infância tão querida, percebo o quanto eu e ela somos ainda parecidas.
Olhando para eu mesma, naquele tempo, senti que ela sempre esteve dentro de minha alma. Ela me acompanha por esta minha vida afora, sempre lado a lado. É justo ela, naquela idade, que se mostra a criança que está dentro de mim. É esta que fui, com sete anos de idade, que é a criança que sempre pensei ter guardado junto a mim.
Hoje, conversamos mais demoradamente. Desde que fiz o quadro, não havia demorado tanto tempo a admirá-lo, como hoje. Acho que estávamos devendo uma à outra este papo tão íntimo e pessoal.
Durante quinze minutos, que me pareceram uma vida, eu e ela travamos uma longa conversa. Olhando nos olhos, conseguimos convergir nosso espaço e nele afluímos para as nossas lembranças. Ela me disse o quanto é bom ser criança ainda. E eu lhe segredei o quanto eu gostaria de ainda ser como ela.
Mas acabamos chegando a um ponto comum. Se ela existe em mim, posto que ela seja eu quando era ela, então somos únicas! Eu e ela somos uma, que um dia foi ela e agora sou eu! E continuamos sendo nós mesmas!
É bom se admirar quando criança, neste quadro, e tenho a certeza que ela, ainda criança, sente o quanto é bom se admirar feito adulta. Nós duas somos cúmplices: eu sei de tudo de sua vida, e ela sabe de tudo da minha. Sou a extensão dela, e ela é a intenção daquilo que eu quis ser, um pouco mais tarde.
É maravilhoso estarmos tão juntas, principalmente, à noite, quando ela, à cabeceira de minha cama, vela os meus sonhos que começaram por ela, nos sonhos dela...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

DA SOLITUDE


Há pouco tempo, li uma reportagem, em um dos conceituados jornais de minha cidade, assinada por uma médica psicoterapeuta, sobre o tema “solitude.”

Considerei suas dignas palavras relevantes, e fiquei a pensar no assunto durante um bom tempo. A matéria me atirou ao lugar onde eu estava no momento: completamente só! Por esta razão me foi tão fácil absorver sua linha de pensamento a respeito daquele assunto.

Quando estamos sós, nos recolhemos para melhor conhecer nossa essência; a nossa natureza íntima, que jamais é exposta a qualquer pessoa. Durante a solitude, temos a capacidade de não nos condenar ou julgar. Queremos nos dar atenção. Desejamos entender, de alma aberta, o que nos afeta e o que nos faz falta. Somos um poço de cuidados voltados para nós mesmos. Temos a possibilidade de um reencontro, que muitas vezes adiamos por falta de tempo, por falta de solitude. Essa leveza que nos permitimos sentir, com o propósito de aninharmos à nossa quietude para escutar a voz de nosso coração!
Quantas pessoas perdem esta oportunidade e ficam entediadas simplesmente por não terem a capacidade de, neste momento, se entregar à mercê do aprendizado deste acalento?

É importante estar só, de vez em quando. Não há mal algum, pelo contrário, nos faz bem. Porque nos aconchegamos e reconectamos com a nossa fonte interna e recarregamos as nossas baterias, tão gastas pelo nosso dia a dia que já é tão tumultuado. Nosso tempo é de nosso trabalho, é das pessoas que estão à nossa volta, é dos problemas que enfrentamos. Mas jamais nosso tempo é dedicado a nós mesmos. Ou temos de dividi-lo, ou, então, esquecemos de que também nós o merecemos, todo nosso!

A solitude nos remete a um estado de complacência; podemos ser tolerantes e capazes de entender nossa conduta de vida. Podemos caminhar nossos caminhos, podemos viver o nosso próprio movimento, podemos saber de nós mesmos. E é assim, na calma de quem pode saber de si e de seus caminhos, que entendemos a importância de “estar só”, para compreender melhor nossas vitórias e derrotas.

Na solitude, somos o que somos, podemos o que queremos, buscamos aquilo que sabemos que merecemos!