segunda-feira, 20 de agosto de 2012

DA ARTE DE ENGANAR



Hoje, estou pensando... Tantas pessoas usam, tão maravilhosamente bem, do ofício de iludir outras pessoas, quando não iludem a si mesmas a maior parte do tempo de suas vidas!

Usei o termo “maravilhosamente” por ser tão fácil. Para quem sabe enganar, o burlar é como beber água. O engano ou o erro é um equívoco, que dá margem à suspeita.
Conseguir esta “façanha”! Enganar alguém e iludir o coração... Cair na ilusão de que tudo está bem, quando não está de fato, é o pior dos enganos. A gente vive o faz de conta, a gente passa por cima, a gente tira a poeira e continua de pé, mesmo sabendo que na realidade a gente está de quatro, com o corpo todo arriado.
Pra que mostrar a nossa fraqueza? Não, isto é por demais ultrajante, para nós que sentimos o abatimento de nossa resistência moral. Pra que mostrar o nosso desencanto? Não, isto é o mesmo que colocar a nossa cabeça à mercê da forca. Pra que mostrar a nossa humilde condição? Não, isto é jurar de morte o nosso próprio ego. Pra que servir de isca? Não, isto é o mesmo que ser coadjuvante, auxiliando a morte prematura. Pra que se mostrar forte? Não, esta condição já nos coloca fracos diante de qualquer situação.
Por isso, é mais fácil iludir, enganar aos outros e a si próprio.

Mas, não podemos tapear a vida o tempo todo. Cedo ou tarde, a nossa verdade vem à tona descortinando toda a ilusão que tecemos ao longo do período no qual induzimos um erro.
Então... Eu penso: pra que enganar? Esta maneira prática de contornar as coisas só serve mesmo para “tapar o Sol com a peneira.”

Sejamos honestos até aonde a vista não mais possa alcançar. Sejamos honestos, enquanto podemos viver de maneira digna, sem tropeços. Sejamos nós mesmos, simplesmente.
Por que não abrandar tudo o que sentimos? Assim, pode ser melhor, assim pode ser o ideal.
Vamos dizer tudo “na lata” tudo o que sentimos. Vamos impor, acima de tudo, todos os nossos sentimentos. Vamos dizer, com todas as letras, aquilo que está dentro de nós, e assim será melhor. Vamos, enfim, acreditar que podemos ser o que podemos ser, sem máscaras. Difícil se mostrar? Não é não! Tenhamos coragem, sem enganar aos outros. Sem mentiras e com coragem.

Da arte de enganar, não levamos nada, levamos apenas sofrimento e mentira.
Sejamos nós, para que possamos acreditar em tudo o que sentimos, sem ludibriar a vida, as pessoas e a nós mesmos!!!


quinta-feira, 14 de junho de 2012

DO QUE SOU




Sou do que sou! Sou daquilo do que posso ser. Sou das matas, sou das águas, sou de todo esplendor. Sou da matéria, do universo, sou do meu verso, porque sou inteira!

Sou da poesia, que acalma o coração dos grandes poetas, sou da magia de não ser, mas abuso da essência do saber. Sou da carência de viver de qualquer momento que me faça feliz! Sou meio velha, meio nova, sabendo bem o porquê.
Sou da razão do querer, sou do tempo de poder.
Sou das asas que libertam, sou do tempo de amanhecer.

Sou esperança que abraça o meio de conseguir. Sou nuvem, sou estrela, sou azul de céu.
Eu sou o vento que sopra, trazendo boas novas. E sem querer sou o grafite que escreve melodias; canções que unem corações.

Sou a Lua que se parte, sou borboleta de gravata, perdida, eu sou meu outro lado!
Sou careta, sou bandida. Eu sou um som de uma flauta doce. Sou uma sempre-viva da terra do sem-fim. E para “você” colhi uma, para dizer que estou viva.
Sou do pedaço, sou da colheita, sou da mira, sou canção esquecida.

Sou da fumaça de meu cigarro, sou do laço de nosso abraço. Sou terra produtiva, sou mulher que ama a vida! Sou consolo, sou alma destemida. Sou o berro de um berrante anunciando uma nova vida; uma outra vida!

Sou esquema traçado, sou um achado. Sou menina, sou criança nos seus braços que me abraçam. Sou a pessoa que lhe ama...

Sou assim, meio esquisita, mas sem sombra de dúvida, sou uma criatura querida!

Sou do lodo, sou da lima, do fruto da limeira, mesmo que não ache a rima.

Sou a mivla que bebetea o seu coração!

Sou a pessoa que lhe arrasta para o meio da explosão do que sou, do que sou, do que sou...!


terça-feira, 29 de maio de 2012

DA ESPERA DE UM BILHETE SEU




E aquele guardanapo, depois de uma acrobacia pelo ar, caiu justamente em cima da mesa que eu ocupava naquele bar onde nos encontramos pela primeira vez.[?] E eu estava lá, à sua espera ou à espera de um bilhete seu, ao menos se você não aparecesse.

Você não foi! E o guardanapo, que achei ser uma missiva sua, continuava, em branco, apoiado na borda de meu prato vazio, à espera de nosso pedido em cumplicidade.

Eu aguardava você... Esperei você, loucamente, assim como se fosse uma última vez de tantos encontros que poderíamos ter tido, de tantos momentos deliciosos e saudáveis como havia sido aquele primeiro... Esperei você, mordendo os lábios de tanta aflição por não ter a certeza se viria se acaso quisesse, de verdade, me ver novamente. E ter o benefício da dúvida é algo que me incomoda; às vezes é até estimulante. Mas desta vez não foi!

Eu aguardava você, sim! Aguardava, porque queria ver você de novo, para saciar o meu desejo de mais uma vez... Mais uma vez, que fosse!

Da primeira vez, "deu vontade de não ir embora". Deu vontade de ficar por muitas e muitas horas ao seu lado. Conversando...Conversando. E aquela nossa conversa foi tão boa, assim como ficar horas e horas em frente ao mar, ao sabor de ficar olhando as ondas e seu vaivém.

É dessa maneira que ficamos atentos a tudo que nos acontece. E ter acontecido você, em minha vida, foi mais ou menos assim: uma onda atrás da outra, não como o cotidiano, mas como a surpresa que cada onda nos reserva.

Você me surpreendeu, desde a primeira onda!

Admirei-me com a pessoa que você é. Foi um assombro, e ao mesmo tempo uma surpresa doce quando conheci você. Raramente, encontramos pessoas em nosso caminho que nos fazem tão bem. Por isso eu esperava você...

"Queria ter de volta a magia de um reencontro, para poder iluminar a minha alma com a luz da sua."

E apesar de todas as minhas expectativas, você não foi. E nem mesmo mandou-me um bilhete, para justificar a sua não presença.

Foi então que fui até ao bar. Tomei uma dose de uma bebida forte para me encorajar, e voltei àquela mesa e comecei a escrever, naquele guardanapo em branco, este bilhete para você!

E assinei, não sei se em vão, mas com grande convicção: "Gosto de você, e ainda espero um bilhete seu!"

quinta-feira, 17 de maio de 2012

UMA DECLARAÇÃO DE AMOR




Está no “Aurélio”: declaração é uma confissão de amor!
Mas... Por que toda declaração tem de ser de amor? Será que uma declaração não pode ser de amizade, de companheirismo, de fraternidade, de outra coisa qualquer?
Sim! Também está no “Aurélio”: declaração é um documento no qual se declara alguma coisa. E declarar é dar a conhecer, confessar-se, pronunciar-se a favor ou contra.
Pois bem, então podemos declarar qualquer coisa... Até mesmo um amor!
Mas, aconteceu que, dias atrás, eu quis fazer uma declaração a alguém a quem eu quero muito bem. Em poucas frases ditas, eu pude confessar, por telefone, assim sem mais nem menos, o quanto esta pessoa é importante para mim.
Eu estava cozinhando... Estava preparando um gostoso jantar: um estrogonofe de frango, acompanhado de arroz com ervas e batatas cozidas. Enquanto eu me deliciava com este meu hobby, pensei que seria ótimo ligar para esta pessoa apenas para dizer o que sentia. A verdade, nada mais além da verdade!
Às vezes, somos incapazes de dizer nossas verdades assim tão levemente. Sempre estamos pesando os prós e os contras. Por que ficar ocultando nossos sentimentos?
Por que não somos tão seguros em dizê-los? Será que é tão difícil expor o que sentimos, quando estamos a fim de dizer sobre isso com alguém? É mesmo uma tremenda dificuldade nos expressarmos, assim tão claramente?
Não sei não! Muitos se privam deste encantamento. E é tão simples. É chegar e dizer!
Gosto de agir dessa maneira, quando quero. Sinto-me tão segura, e tão capaz, quando penso que a vida é tão curta e podemos, se quisermos, expressarmos com todas as letras tudo o que sentimos pela vida e por todas as pessoas que dela fazem parte.
Fiz uma declaração e fui muito feliz, porque a pessoa a considerou e também ficou bem feliz. Eu a ouvi me dizer que a recíproca era verdadeira! E nossos corações sabem o quanto somos felizes por esta causa tão nobre: nossa amizade!
Minha declaração não foi uma confissão de amor, como quer o “Aurélio”, mas, sim, uma confissão de amor de minha amizade por esta “boa e grande pessoa amiga.”
Haverá outras, com certeza, ao longo dessa minha vida...
E você? Alguma vez, em sua vida, já se declarou assim, enquanto cozinhava, enquanto...?
Simples assim!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

UMA NOITE COMO NENHUMA OUTRA



Cara, o quê?

E nós cantamos feito artistas, e ainda bem que a letra da música aparecia no vídeo. Caso contrário, a gente dançava... Não dava para se lembrar de todas elas!

Dançamos felizes, literalmente, em uma noite como nenhuma outra, porque não ensaiamos os passos e acertamos no ritmo de nosso embalo.

Naquele “karaokê”, num bar aconchegante, na cidade de Governador Valadares (MG), a gente se divertiu à beça! Todos, à volta, nos aplaudiam... Tantos pontos na telinha. A voz da gente era a voz da vez! Talvez, ninguém jamais cantou tão bem quanto a gente... Porque era tudo uma festa em nosso coração. Era tudo uma noite divertida, sem ter hora pra voltar pra casa...

A noite, lá fora, anunciava uma diversão sem igual. A Lua acompanhava nossos deliciosos cantos, aquela nossa cantoria... E a gente nem queria mais parar de cantar. Os amigos, que foram juntos, nem se deram conta de que eles não poderiam ter a sua vez no karaokê, pois só dava a gente... Não conseguimos deixar o microfone pra mais ninguém!

E à beira do Rio Doce a noite parecia mais calma! Já na madrugada...

Perdemos a hora, e a hora nos deixou perder um pouco do tempo para aproveitarmos mais dele... E como aproveitamos!

Nada especial... Mas foi tudo muito especial pra nós duas... As amigas cantoras de karaokê! Eu e Cláudia, nos idos do ano de 1999, século passado!!!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

DA HORA CERTA E FELIZ




Coincidências? Podem não haver, assim a torto e a direito. Mas podemos acreditar, pois nada é por acaso!

Quando esperar, e como, pela hora certa e feliz?
Com paciência e força de vontade, ela há de chegar... Quando a gente menos esperar!

Todos nós temos a necessidade de conseguir nosso momento favorável para a realização de desejos, de sonhos, de esperanças, que são capazes de mover montanhas, se acaso elas são vindas do fundo do coração.
Ninguém perde por esperar! Ninguém perde o que ainda não ganhou. Por isso, é preciso acreditar que, em determinada hora certa e feliz, as coisas irão acontecer da maneira que queremos, porque veementemente as desejamos.
Se colocamos todo o nosso entusiasmo nos sonhos que almejamos realizar, somos capazes de receber as vibrações que permitirão a nós os alcançarmos.

É necessário não se perder na busca, não deixar que a intolerância faça a sua cama e não deixar que a sofreguidão nos pegue no caminho.

Quantos apressaram o instante da hora certa e feliz e acabaram com as mãos vazias? Quantos não sentiram o gosto desta oportunidade?

Eu quero esperar a minha hora: certa e feliz! Eu quero dar tempo ao tempo. Quero aguardar o inesperado bater à minha porta, apesar de ele estar sempre sendo esperado. Quero esperar o momento de sua chegada, com meus braços abertos e com a consciência de que esta minha retidão é a mais pura de meus sentidos; daquilo do que sei e que faço!

A chegada de minha hora certa e feliz está por vir. Eu acredito, eu sinto...

E você?

quinta-feira, 26 de abril de 2012

DAQUELES DIAS





Hoje é um daqueles dias, no qual você quer saltar de paraquedas, mesmo tendo fobia de altura... Só de pensar em avião, a mão transpira o suor.
Hoje é dia de querer cantarolar uma canção, e se a voz não estiver mesmo afinada pouco importa... Só a satisfação de poder cantar é o que conta.
Hoje é dia de dar esmolas aos “Santos”, protetores e vigilantes, que escutam nossas preces... Se a oferta é escassa, é sinal de que as finanças, que hoje são poucas, serão fartas amanhã!
Hoje é dia de agradecer a “Mensagem de Jeremias.”
Hoje é dia de contemplar a Lua cheia, que nos deixa loucos, pois sob ela a vida é uma completa aventura, como escreveu o naturalista Sigurd Olson, num artigo que li, tempos atrás, na revista Seleções.
Hoje é dia de colocar as pernas para cima, sabendo que o que foi feito foi bem feito, e agora é só colher os frutos.
Hoje é dia da alegria, e a tristeza não pode chegar... “Diga lá, espelho meu! Diga, espelho meu, se há na avenida alguém mais feliz que eu?”
Hoje é dia de tomar uma cervejinha estupidamente gelada e saborear um pitéu que seja, porque isso só dá prazer.
Hoje é dia de aguardar notícias... Sabendo que elas estão a caminho e serão bem-vindas.
Hoje é dia de ler um bom livro, porque alguém o indicou... até mesmo lhe emprestou.
Hoje é dia de conversar com a terapeuta sobre os diversos assuntos que rolaram durante a semana... e achar que o papo foi “cabeça”.
Hoje é dia de saborear comida japonesa, tendo o prazer de uma boa companhia e do gostoso sabor oriental.
Hoje é dia de se lembrar de todos os dias felizes, que estão rolando!
Hoje é dia de tocar a bola, para fazer mil gols.
Hoje é dia de pichar no muro: “Sou feliz”.
Hoje é dia de conversar e cantar para as crianças!
Hoje é dia de abraçar, num abraço bom que a gente sente falta logo pela manhã.
Hoje é dia de dizer “Bom-dia”, “Boa-tarde” e “Boa-noite”.
Hoje é, definitivamente, o dia para dizer: Amo-te amo...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

UM ABRAÇO ENROSCADO NUM LAÇO



Você já teve a oportunidade de receber um abraço, meio quê enroscado num laço?
Um abraço cingido com os braços de quem você gosta?
Um abraço rodeado de carinho e sinceridade? Daqueles, que a gente não tem vontade de ele jamais terminar...
Um abraço envolto de uma energia tão grande? Daqueles, que a gente pede mais um pouco...
Um abraço inesperado, com cores do arco-íris? Daqueles, que abranda o nosso corpo e faz com que ele se aqueça...
Um abraço que dura apenas alguns segundos, mas em nosso coração ele durou uma eternidade?
Um abraço que, depois de enroscado num laço, a pessoa que abraçou você apenas diz: "Obrigada."
Como é bom um abraço desses...
Um abraço que recebi, ontem, foi todos esses abraços!
Todos nós perdemos muita oportunidade de dar um abraço assim em alguém. E quando o recebemos, muitas vezes, não somos capazes de percebê-lo dessa maneira.
Mas eu o percebi. E ganhei este abraço, meio quê de surpresa... Assim é bem melhor.
Um abraço gostoso, que nos aperta, nos cerca, nos abrange, totalmente. É um abraço pra lá de bom!!!
Fiquei pensando: quantos abraços desses eu recebi nestes últimos tempos?
Um abraço de alguém que chega de viagem... Um abraço de alguém que eu encontro... Um, de alguém que não vejo faz tempo... Um abraço de alguém que me abraçou por puro instinto...
Não! Esses abraços não são como o abraço que recebi ontem... Eles não têm a magia, não têm o encantamento, a força, a bondade e o pó de pirlimpimpim do abraço que me foi dado ontem.
Só eu sei o quanto me valeu aquele abraço. E se a pessoa que me abraçou, desse jeito tão dela, me agradeceu, pelas razões que ela carrega em seu coração, então eu posso dizer, com grande convicção, que sou eu quem deve agradecê-la por aquele grande e espetacular abraço, que me fez ficar feliz, simplesmente!
Vou guardar o abraço, enroscado num laço de nossa amizade, o abraço bacana desta pessoa "bacana”!
Abraços e abraços... Como é bom abraçar alguém. Como é bom ser abraçada, assim, desse jeito!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

DA CRIANÇA QUE EXISTE EM NÓS




Eu tenho um quadro (30x45) pendurado na parede de meu quarto, à cabeceira de minha cama. É uma ampliação de uma foto minha. Nela, eu estava com sete anos de idade.

Em dois lançamentos de livros meus, para o público infantil, carreguei o quadro comigo, e o coloquei, num cavalete, junto à minha mesa de autógrafos. Sempre quis me mostrar, quando criança, às crianças. Elas me reconhecem na fotografia como se eu fosse uma igual: a escritora que já foi criança, assim como elas. A escritora que se mostra criança, quando era criança. A escritora que hoje escreve para a criança!
Com surpresa, percebi a euforia nos olhos de cada criança ao avistar o quadro. Algumas afirmavam, perguntando:

-          Esta é você, não é?

De fato, o meu semblante na foto me denuncia. Na época, o meu corte de cabelo estava o mesmo de hoje. Partido do mesmo lado e com o mesmo comprimento. Meu rosto, na foto, seria igual ao rosto de minha filha, se acaso eu fosse mãe.

E, agora, depois de ter ficado um bom quarto de hora a olhar este meu quadro, depois de tantas lembranças de minha infância tão querida, percebo o quanto eu e ela somos ainda parecidas.
Olhando para eu mesma, naquele tempo, senti que ela sempre esteve dentro de minha alma. Ela me acompanha por esta minha vida afora, sempre lado a lado. É justo ela, naquela idade, que se mostra a criança que está dentro de mim. É esta que fui, com sete anos de idade, que é a criança que sempre pensei ter guardado junto a mim.
Hoje, conversamos mais demoradamente. Desde que fiz o quadro, não havia demorado tanto tempo a admirá-lo, como hoje. Acho que estávamos devendo uma à outra este papo tão íntimo e pessoal.
Durante quinze minutos, que me pareceram uma vida, eu e ela travamos uma longa conversa. Olhando nos olhos, conseguimos convergir nosso espaço e nele afluímos para as nossas lembranças. Ela me disse o quanto é bom ser criança ainda. E eu lhe segredei o quanto eu gostaria de ainda ser como ela.
Mas acabamos chegando a um ponto comum. Se ela existe em mim, posto que ela seja eu quando era ela, então somos únicas! Eu e ela somos uma, que um dia foi ela e agora sou eu! E continuamos sendo nós mesmas!
É bom se admirar quando criança, neste quadro, e tenho a certeza que ela, ainda criança, sente o quanto é bom se admirar feito adulta. Nós duas somos cúmplices: eu sei de tudo de sua vida, e ela sabe de tudo da minha. Sou a extensão dela, e ela é a intenção daquilo que eu quis ser, um pouco mais tarde.
É maravilhoso estarmos tão juntas, principalmente, à noite, quando ela, à cabeceira de minha cama, vela os meus sonhos que começaram por ela, nos sonhos dela...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

DA SOLITUDE


Há pouco tempo, li uma reportagem, em um dos conceituados jornais de minha cidade, assinada por uma médica psicoterapeuta, sobre o tema “solitude.”

Considerei suas dignas palavras relevantes, e fiquei a pensar no assunto durante um bom tempo. A matéria me atirou ao lugar onde eu estava no momento: completamente só! Por esta razão me foi tão fácil absorver sua linha de pensamento a respeito daquele assunto.

Quando estamos sós, nos recolhemos para melhor conhecer nossa essência; a nossa natureza íntima, que jamais é exposta a qualquer pessoa. Durante a solitude, temos a capacidade de não nos condenar ou julgar. Queremos nos dar atenção. Desejamos entender, de alma aberta, o que nos afeta e o que nos faz falta. Somos um poço de cuidados voltados para nós mesmos. Temos a possibilidade de um reencontro, que muitas vezes adiamos por falta de tempo, por falta de solitude. Essa leveza que nos permitimos sentir, com o propósito de aninharmos à nossa quietude para escutar a voz de nosso coração!
Quantas pessoas perdem esta oportunidade e ficam entediadas simplesmente por não terem a capacidade de, neste momento, se entregar à mercê do aprendizado deste acalento?

É importante estar só, de vez em quando. Não há mal algum, pelo contrário, nos faz bem. Porque nos aconchegamos e reconectamos com a nossa fonte interna e recarregamos as nossas baterias, tão gastas pelo nosso dia a dia que já é tão tumultuado. Nosso tempo é de nosso trabalho, é das pessoas que estão à nossa volta, é dos problemas que enfrentamos. Mas jamais nosso tempo é dedicado a nós mesmos. Ou temos de dividi-lo, ou, então, esquecemos de que também nós o merecemos, todo nosso!

A solitude nos remete a um estado de complacência; podemos ser tolerantes e capazes de entender nossa conduta de vida. Podemos caminhar nossos caminhos, podemos viver o nosso próprio movimento, podemos saber de nós mesmos. E é assim, na calma de quem pode saber de si e de seus caminhos, que entendemos a importância de “estar só”, para compreender melhor nossas vitórias e derrotas.

Na solitude, somos o que somos, podemos o que queremos, buscamos aquilo que sabemos que merecemos!


quinta-feira, 29 de março de 2012

DAS CORES ALEGRES DE UM FIM DE SEMANA


Hoje é terça-feira... Encontro um pedaço da noite, para escrever um pouco sobre minhas memórias mais recentes do último fim de semana. Se eu o tenho em mente, tão vivo ainda, é sinal de que o Sábado e o Domingo passados foram dias encantadores, que me proporcionaram cores alegres pelo fato de tê-los bem vividos.

Às nove horas da manhã de Sábado (e esta é uma hora do dia que me causa uma certa alegria infinda, sem aparente razão), eu já estava num clube famoso da cidade, fechando um contrato, para apresentar meu espetáculo de incentivo à leitura para crianças, durante uma colônia de férias.
Como eu estava por conta de mais algumas horas, decidi aproveitar o restante da manhã. Fui dar uma volta na Praça JK, perto do clube, com a intenção de me deliciar com uma água de coco, que é sempre bem-vinda. Mas, na falta dela, o caldo de cana geladinho desceu suave, já que o Sol estava quase a pino.
A praça era um verdadeiro picadeiro, com os artistas exibindo seus números: senhores e senhoras, em seus trajes esportivos, fazendo o cooper em pista própria. As crianças, de várias idades, eram malabaristas com seus patins, ou eram os ases das bicicletas, ou eram ginastas exercitando o corpo no play-ground. Espaço tinha demais para os cachorros bem tratados, de fitinha e tudo, e também para os cachorros-quentes, camarões e surubins congelados.

Durante quase uma hora, fiquei naquela praça tão viva de pessoas, que mergulhavam em seu lazer. Eu, simplesmente, de traje informal para o lugar, andei a passos lentos por duas voltas, apreciando todo aquele movimento. O almoço, num shopping, foi meu terceiro endereço naquele Sábado. Antes, porém, um passeio pelos corredores dos dois andares, para ver vitrinas e alguma comprinha de última hora. Quanta gente bonita!
À noite, já em casa, ficar uma hora na sauna do prédio foi uma boa pedida para relaxar.

E o Domingo me acordou alegre, com o Sol lá fora e um convite para um passeio na “Liberdade”, a bela praça com suas palmeiras imperiais e o coreto, lugar de encontro e de concertos. Apreciei, com saudades, o prédio idealizado por Oscar Neymayer, onde moramos eu e minha família, ainda quando meu querido pai era vivo. Bolas, balões, pipoca, crianças saudáveis a correr pelas pedras em forma de paralelepípedo, usadas no calçamento da rua central, onde é proibido o trânsito de veículos, apenas de pedestres felizes!
E estávamos, todos, felizes, sob o azul celestial! E apesar de deixar a praça e as companhias, uma hora depois, o céu continuou azul até o entardecer. Voltei de um passeio à Pampulha, e acabei, à noite, visitando pessoas queridas.

Minutos antes de aquele Domingo terminar, minha cama abraçou meu corpo exaurido... E meu espírito estava iluminado pelas cores alegres!!

quinta-feira, 22 de março de 2012

DA QUIETUDE QUE VEM NUM BATER DE ASAS



Há pelo menos uma vez na vida em que você se recolhe das suas turbulências, pega um bom livro e se deita numa rede na varanda de sua casa, ou na varanda da casa de um parente ou amigo. É ali que você quer estar um bom tempo...

A tarde está caindo e você ainda continua a sua leitura, agora que a rede não se move um milímetro sequer, e nada à sua volta parece ter movimento qualquer. A Terra parou de girar. Só os seus olhos se movimentam, linha por linha, e seus dedos folheiam, silenciosamente, cada página do livro. No entanto, seu coração se agita frente ao drama que você está lendo. Não é a sua história, mas a de um personagem que lembra você. Não é a sua vida, mas a vida deste protagonista que faz lembrar a sua. Então você repousa o livro no peito, olha para o céu que se descortina à sua vista, e procura entender as semelhanças... E assim você fica um bom tempo...

Mas o seu coração está inquieto, e, sem perceber, a rede começa a balançar um pouquinho só: pra lá e pra cá. E, no ritmo de seu movimento, você tem lembranças que gostaria tê-las esquecido de vez. As turbulências voltaram por conta de uma história!

“E de repente comecei a ouvir um bater de asas, bem próximo. Olhei ao redor e pude encontrar, pousado sobre um galho de uma árvore, um canarinho belga, que ali fez o seu pouso.

Coloquei o livro de lado. Fiquei quieta, somente olhando o pássaro por um bom tempo! Nem me dei conta de quando ele alçou voo...”


quinta-feira, 15 de março de 2012

UMA IDEIA APÓS A OUTRA

Hoje, só quero trocar ideias comigo mesma! Estou pensando muito e isto me faz desejar conversar com meus botões. A minha cabeça fica fervilhando e minha emoção mais ainda.
Dizem que nós, escritores, temos mania de conversar sozinhos quando não estamos frente à tela de um computador, de uma máquina de escrever, de um papel em branco.
Acho que é verdade... Se uma ideia nos surge, assim do nada, onde estamos ali mesmo começamos a delirar. E eu gosto desse delírio, dessa coisa de não perder o fio da meada...
É mesmo um deleite essa minha paixão excessiva com a literatura.
Quem escreve sabe o que significa o momento das ideias; este momento que é só nosso, quando estamos sozinhos...
E é justamente neste momento em que me encontro. Ainda bem que estou nos braços de “Meu Bem-querer” (meu lap). Portanto, não preciso ficar conversando sozinha. Converso com ele, teclando parte de seu corpo, que ele me deixa tocá-lo, totalmente. Somos dois em um e somos um em dois! Coisa boa é poder contar com este amigo nestas horas em que estou totalmente sozinha. É ele quem me ouve e grava minhas conversas...

No fundo, sei, todas as minhas crônicas, em especial, são admiradas por este amigo. Acredito que ele as aprova, já que são salvas em seu disco rígido. Caso contrário, eu não conseguiria, sem a sua permissão, gravar todas estas minhas ideias. São crônicas (narrações históricas, e como!) que, no fundo, são mesmo frutos de minha mente, que abraço com muito prazer. Sei que as escrevo por pensar demais e por querer passar para meus leitores as minhas profundas emoções de meu dia a dia ou dos meus casos, que nem sei se os conto assim tão abertamente... Só sei que gosto de escrevê-las. É como uma terapia!

Além desse meu amigo, que as aprova e as entende, tenho uma amiga que as lê, sempre que escrevo uma, e sei que ela gosta daquilo que lê. Ela é também uma escritora, por isso entende todos os meus escritos. Por isso, gosto de sua apreciação. De um tempo para cá, escrever algo e não lhe mostrar é como faltar o feijão e o arroz no prato de todo brasileiro que tem fome e precisa comer!
Assim, também, ela escreve e coloca seus escritos para que eu os leia com o intuito de que eu os aprove e tenha alguma opinião a respeito de sua maneira tão doce de escrever. Como gosto disto! E como gosto, também, de tudo que ela escreve!

Esta nossa interação, sabemos, nos faz bem! Precisamos uma da outra para a aprovação de nossos escritos... Tornou-se um jogo, um nosso prazer!
Há quase um ano, escrevemos juntas, uma na inspiração da outra, o Blog:
www.estoriacomh.blogspot.com (Projeto dela! E foi com grande prazer que aceitei seu convite.)

E como é bom mostrar seus escritos para quem também escreve... É como uma âncora que mantém seguro, em águas calmas, o navio de nossas ideias...

Mas, ideias são ideias! E nós, escritores, temos muitas delas. Que bom escrevê-las da maneira como elas aparecem. Às vezes, tentamos ir além de seus esboços, voltando a rescrevê-las, aparando suas arestas, para serem mais bem vistas por nossos leitores. Mas, na maioria das vezes, prefiro deixá-las arquivadas do jeitinho que elas vêm... Afinal, escritores são aqueles que deixam seus escritos à primeira impressão, para angariar, dessa maneira, a melhor impressão de seus leitores... É assim que melhor sei escrever!

Minhas ideias vão fluindo, assim como a água que entorna de uma bica para matar a sede de quem tem sede, e para conter a minha ânsia e meu desejo ardente de escrever sempre...

Dedico estas minhas vagas e sãs ideias àqueles que gostam de escrever e aos que gostam de ler. E dedico, de maneira especial, à minha grande amiga, a escritora Cláudia Simões Fernandes, para que ela saiba que nosso encontro nessa vida é algo especial, não só pelo fato de escrevermos e gostarmos tanto de escrever, mas pelo simples e belo fato que, sabemos, nos colocou um dia no mesmo caminhar...

Glória às nossas ideias!!!